O Guia de Atividade Física para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, é a primeira publicação oficial do tipo no país. Ele aborda a prática em diferentes contextos, grupos e ciclos de vida, com recomendações sobre quantidade, intensidade e tipos de atividades aeróbicas, de força e de equilíbrio. Além disso, traz conceitos importantes e indicações para um estilo de vida ativo. Neste artigo, apresentaremos os principais pontos do documento, que será detalhado nas próximas semanas.

Em 2019, o Ministério da Saúde (MS) fez uma pesquisa que revelou: na época, cerca de 45% dos brasileiros não praticavam pelo menos 150 minutos de atividade física por semana, em intensidade moderada, ou 75 semanais, em ritmo vigoroso, conforme recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas veio a pandemia de Covid-19 e esse cenário, que já era ruim, ficou ainda pior. De acordo com o Projeto ConVid – Pesquisa de Comportamento, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o tempo médio gasto em frente a telas, em 2020, aumentou bastante no país em relação a 2019.

Ano passado, o brasileiro passou três horas por dia diante da televisão (uma hora e 20 minutos a mais que antes da pandemia) e mais de cinco horas perante o computador (uma hora e meia a mais). Ainda de acordo com o estudo, feito com mais de 44 mil pessoas, 62% dos entrevistados deixaram de realizar qualquer tipo de exercício durante a pandemia. Os dados foram divulgados pela CNN Brasil.

Para todas as idades

A fim de tentar reverter esse quadro, incentivando hábitos saudáveis e que gerem melhor qualidade de vida, o Ministério da Saúde lançou, no fim de junho, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira. O documento, primeiro do tipo no Brasil, foi elaborado em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e teve o apoio de cerca de 70 pesquisadores das áreas de atividade física e saúde, bem como de técnicos da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Dividida em oito capítulos, a publicação aborda a atividade física em todas as faixas etárias: bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos. Ademais, há orientações para gestantes e puérperas (mulheres no pós-parto) e para pessoas com deficiência. Por fim, o documento traz um capítulo dedicado à educação física escolar.

Na cerimônia de lançamento, o secretário de Atenção Primária à Saúde do MS, Raphael Câmara, destacou que o Guia de Atividade Física para a População Brasileira chega em um momento oportuno.

“No contexto da pandemia, a atividade física ajuda a fortalecer a imunidade, e nós estamos incentivando a população a se movimentar”, afirmou.

Já a representante da Opas no Brasil, Socorro Gross, lembrou que as Américas possuem as maiores taxas de sobrepeso e obesidade do mundo. Na região, 62,5% dos adultos e 33,6% das crianças e dos adolescentes têm uma dessas condições.

“Quatro em cada 10 pessoas não realizam uma atividade física que seja de benefício para a saúde”, lamentou.

Conceitos e recomendações do guia sobre atividade física

Para a elaboração do guia, o Ministério da Saúde não apenas revisou estudos científicos, como também seguiu as diretrizes da OMS sobre atividade física e sedentarismo. A publicação traz o conceito de atividade física, seus domínios (momentos em que pode ser feita) e benefícios, assim como exemplos, intensidades, tempo mínimo recomendado e orientações para a prática, entre outros dados.

O Blog do Estúdio André Guzmán reuniu as principais informações do guia. A fim de facilitar a leitura, dividimos esse conteúdo em 10 perguntas e respostas. Confira a seguir.

O que é atividade física?

Atividade física é um comportamento que envolve os movimentos voluntários do corpo, com gasto de energia acima do nível de repouso, promovendo interações sociais e com o ambiente.

Você pode praticar atividade física em quatro domínios de sua vida, a saber:

  • No tempo livre: atividade física feita no seu tempo disponível ou então no lazer, com base em preferências e oportunidades.
  • Em deslocamento: atividade física feita quando você vai de um lugar a outro.
  • No trabalho ou estudo: atividade física feita quando você desempenha suas funções laborais ou educacionais.
  • Nas tarefas domésticas: atividade física feita para o cuidado do lar e da família.

Qual a diferença entre atividade física e exercício físico?

Todo exercício físico é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício físico. Ou seja, o exercício físico é um tipo de atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem o objetivo de melhorar ou manter as capacidades físicas e o peso adequado.

Quais os tipos de atividade física?

Confira alguns exemplos:

  • Caminhar
  • Correr
  • Pedalar
  • Brincar
  • Subir escadas
  • Carregar objetos
  • Dançar
  • Limpar a casa
  • Passear com animais de estimação
  • Cultivar a terra
  • Cuidar do quintal
  • Praticar esportes, lutas, ginásticas, yoga, entre outros

O guia cita Pilates?

Certamente! A publicação menciona o Pilates duas vezes, como exemplo de atividade física que idosos e gestantes podem praticar no tempo livre. Mas, no segundo caso, frisa que o acompanhamento de um profissional de saúde é aconselhado.

Quais os benefícios da atividade física?

Quanto mais cedo a atividade física é incentivada e se torna um hábito na sua vida, maiores os benefícios para a sua saúde. No Guia de Atividade Física para a População Brasileira, como mencionamos anteriormente, os ganhos da prática estão segmentados por faixa etária e condição. No entanto, a publicação lista benefícios comuns para todos:

  • Controle do peso
  • Diminuição da chance de desenvolver alguns tipos de câncer e doenças crônicas – por exemplo, diabetes, pressão alta e problemas cardiovasculares
  • Melhora da qualidade de vida, do humor e da disposição
  • Promoção da interação social e com o ambiente

É seguro ser ativo fisicamente?

Atividade física é importante para as nossas vidas e deve ser praticada por todas as pessoas e em todas as idades. Sim, com toda a certeza, é seguro se manter fisicamente ativo. Mas, em alguns casos, deve-se ficar atento.

Se você apresentar sinais e sintomas como náuseas, dores, tonturas, suor excessivo ou outros desconfortos, pare a atividade física e procure um profissional de saúde para verificar se está tudo bem. Respeite seus limites!

Quais as intensidades de atividade física?

  • Leve: exige mínimo esforço físico e causa pequeno aumento da respiração e dos batimentos do coração. Numa escala de 0 a 10, a percepção de esforço é de 1 a 4.
  • Moderada: exige mais esforço físico, faz você respirar mais rápido que o normal e aumenta moderadamente os batimentos do coração. A percepção de esforço é de 5 ou 6.
  • Vigorosa: exige um grande esforço físico, faz você respirar muito mais rápido que o normal e aumenta bastante os batimentos do seu coração. A percepção de esforço é de 7 ou 8.

Quanto tempo de atividade física devo fazer?

Veja as recomendações por faixa etária:
  • Bebês de até 1 ano: devem praticar, pelo menos, 30 minutos de atividade física por dia, de barriga para baixo.
  • Bebês de 1 a 2 anos: pelo menos 3 horas por dia, em qualquer intensidade.
  • Crianças de 3 a 5 anos: pelo menos 3 horas por dia, sendo, no mínimo, 1 hora em intensidade moderada a vigorosa.
  • Crianças e adolescentes de 6 a 17 anos: pelo menos 60 minutos por dia, preferencialmente em intensidade moderada. Incluir, no mínimo em três dias da semana, atividades de fortalecimento dos músculos e ossos.
  • Adultos: pelo menos 150 minutos por semana, em intensidade moderada, ou 75 minutos semanais, de forma vigorosa. Incluir, no mínimo duas vezes na semana, atividades de fortalecimento dos músculos e ossos.
  • Idosos: pelo menos 150 minutos por semana, em intensidade moderada, ou 75 minutos semanais, de forma vigorosa. Incluir, duas ou três vezes na semana, em dias alternados, atividades de fortalecimento muscular e equilíbrio.
Por condição e na escola:
  • Gestantes e puérperas: caso não haja contraindicações, devem praticar, no mínimo, 150 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada. Ou então, se a mulher já era ativa antes da gravidez, pode fazer 75 minutos semanais em ritmo vigoroso. No segundo caso, também é possível combinar as duas modalidades. Além disso, durante e após a gestação, é aconselhável incluir atividades para fortalecimento do assoalho pélvico. Por sua vez, aquelas com possibilidade de colisão com outras pessoas ou algum objeto, ou então que provoquem desequilíbrio e risco de queda, devem ser evitadas.
  • Pessoas com deficiência: as orientações para esse público também estão segmentadas por faixa etária e são semelhantes às demais, quer em tempo de prática, quer em intensidade. Mas são necessárias adaptações para que a atividade seja confortável e segura.
  • Aulas de educação física: as escolas devem dedicar, pelo menos, três horários por semana para a disciplina, com aulas de 50 minutos cada.

Como posso diminuir o sedentarismo no trabalho, seja no home office ou na empresa?

A cada uma hora, movimente-se, pelo menos, por 5 minutos. Aproveite para mudar de posição e ficar em pé, ir ao banheiro, beber água e alongar o corpo.

Onde posso baixar o Guia de Atividade Física para a População Brasileira?

A publicação está disponível para download no site do Ministério da Saúde – por enquanto, apenas como um e-book. Mas a pasta promete uma versão em áudio, além de adaptações para inglês, espanhol e braile.

Ademais, o MS vai produzir uma versão impressa e distribuir 74 mil exemplares para secretarias estaduais e municipais de saúde, órgãos governamentais e outras instituições.

Crédito, para que te quero

Este artigo foi escrito pela nossa equipe de redação, sob a supervisão do fisioterapeuta André Guzmán.

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