Veja como o método Pilates pode ajudar no tratamento da escoliose, problema na coluna que atinge milhões de pessoas no Brasil.
A escoliose é um desvio da coluna vertebral para a esquerda ou a direita, fazendo com que a estrutura assuma um formato de S ou C. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença acomete cerca de 4% da população mundial. No Brasil, são 6 milhões de pessoas, principalmente adolescentes do sexo feminino.
Cerca de 70% das escolioses são idiopáticas, ou seja, não é possível identificar a causa. Mas há alguns fatores de risco envolvidos, como:
- Histórico familiar
- Má postura
- Sedentarismo
- Obesidade e sobrepeso
- Assimetria corporal
Casos graves
Conforme explica o médico Alexandre Fogaça Cristante ao Jornal da USP, quando o quadro de escoliose progride, causa uma deformidade que pode diminuir o espaço que um dos pulmões ocuparia. Isso faz com que o indivíduo encontre dificuldade para respirar.
Em casos mais graves e não tratados, a escoliose pode causar sintomas sistêmicos, isto é, em outras partes do corpo. Entre os problemas que podem surgir estão, além de falta de ar, perda de apetite, cansaço e fraturas nas costelas.
Ademais, o funcionamento do estômago e do intestino pode ser prejudicado. Por fim, em casos mais graves, a escoliose pode afetar a medula, acarretando problemas neurológicos, como dor e dormência.
“O desalinhamento causado pela escoliose prejudica a qualidade de vida, bem como reduz a funcionalidade do paciente para as atividades da vida diária. Além disso, a doença pode evoluir e afetar outros órgãos, como coração e pulmões. O impacto na saúde mental é enorme, principalmente nos adolescentes”, reforça a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, em depoimento publicado no site Segs.
Alerta aos pais
Entre os fatores de risco citados anteriormente, Walkíria destaca a assimetria corporal. Muitas crianças nascem com esse problema, que provoca pequenas diferenças nos lados do corpo. Por exemplo, um ombro mais levantado que o outro, uma perna mais curta que a outra ou um lado do tronco mais rotacionado.
“São assimetrias mínimas, quase imperceptíveis, que podem levar a deformidades na coluna, como a escoliose”, comenta a fisioterapeuta.
A doença também pode estar ligada à fase escolar da criança ou do adolescente, devido a fatores como mobiliário inadequado, longa permanência na posição sentado e mochilas pesadas. Além disso, os adolescentes têm o período de estirão de crescimento, que também contribui para as alterações posturais.
O importante é identificar a deformidade o mais cedo possível. Quanto antes a escoliose for detectada, melhor será a resposta ao tratamento conservador, para que não seja necessária uma cirurgia no futuro.
“Caso os pais notem essas diferenças [assimetrias], devem procurar um especialista o quanto antes. É preciso reforçar que a escoliose é uma condição silenciosa, pois não causa sintomas na fase inicial da deformação da coluna”, observa Walkíria.
Pilates e escoliose
Existem vários tratamentos não cirúrgicos para escoliose. Muitos deles, no entanto, são cansativos e desestimulantes, devido à rotina repetitiva. Nesse contexto, o Pilates surge com uma proposta inovadora, que vai muito além de corrigir a curvatura da coluna.
“Deixa de ser apenas um tratamento e passa a ser uma atividade física de qualidade de vida”, pontua a fisioterapeuta e neurocientista Eliane Coutinho, em artigo publicado no site Cassilândia Notícias.
Especialista em dor crônica e deformidades da coluna, Eliane explica que o objetivo do Pilates, no tratamento da escoliose, é trabalhar a coluna de forma geral, fortalecendo e flexibilizando todos os músculos que a envolvem e gerando mais estabilidade. São mais de 700 exercícios extremamente dinâmicos, voltados para a hipertrofia muscular, a mobilidade da coluna e o equilíbrio do tronco.
“É uma atividade completa, que não visa apenas a coluna vertebral, mas o indivíduo como um todo”, ressalta.
Tratando a escoliose com Pilates
Eliane acrescenta que, se a terapia por meio do Pilates iniciar precocemente, a coluna afetada pela escoliose poderá ser reestabelecida no seu eixo vertical, voltando ao seu alinhamento. Caso o tratamento seja tardio, o método tende a melhorar a sintomatologia, como dor e fadiga muscular, por exemplo. Além disso, vai promover maior estabilidade da coluna durante as atividades de vida diária.
“Hoje, o Pilates é realmente um tratamento que a ciência preconiza para pessoas com escoliose. As publicações científicas mostram a eficácia do método – inclusive em escolioses estruturais de adultos”, atesta a fisioterapeuta.
Outro ponto positivo do Pilates, adiciona Eliane, é o fato de ser uma atividade prazerosa. Isso, sem dúvida, vai ajudar o aluno/paciente a enfrentar um tratamento lento e longo como o da escoliose.
No entanto, ela ressalva, é fundamental escolher um instrutor qualificado, que use o método não só como uma terapia, mas também como um treinamento corporal que poderá ser mantido por toda a vida.
“O método Pilates, por meio dos exercícios de hipertrofia longitudinal, radial e tensões máximas, (…) associados ao princípio de equilíbrio da conexão mente-corpo, irá promover resultados mais eficazes nos indivíduos portadores dessa alteração postural”, constata.
Crédito, para que te quero
Este artigo foi escrito pela nossa equipe de redação, sob a supervisão do fisioterapeuta André Guzmán.