Pilates para homens? E por que não?! Estamos no Novembro Azul, mês de conscientização para o controle do câncer de próstata, o tipo mais incidente entre eles e o segundo em geral no país (sem incluir o câncer de pele não melanoma e atrás do de mama). Também é em novembro que se comemora o Dia Internacional do Homem (19/11). Portanto, é o momento certo para falar de saúde masculina – e, é claro, de como o Pilates pode ajudá-los a ter mais qualidade de vida. Vem com a gente!
No mundo corporativo, uma das principais lutas das mulheres é por igualdade. E não é para menos: ainda que ocupando o mesmo cargo, elas ganham até 29% menos do que eles, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese – via 6 Minutos).
Entretanto, quando o assunto é saúde, o jogo se inverte. Isso porque os homens vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres. Preconceito e falta de tempo são as causas apresentadas por eles para a ausência de autocuidado.
“Os homens são conhecidos por darem menos atenção à saúde e fazerem menos consultas médicas e exames preventivos”, comenta o nefrologista Fernando Roman, no site da Unimed Costa Oeste.
Ainda de acordo com o médico, os homens, em comparação às mulheres, têm mais comportamentos de risco, como obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool. Além disso, eles estão mais expostos ao perigo de morte por causas externas – por exemplo, acidentes e violência – do que elas.
Cuidado com a saúde piora na pandemia
O autocuidado masculino ficou ainda mais prejudicado com a pandemia de Covid-19. Este ano, 55% dos homens acima de 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico, de acordo com uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Entre os mesmos entrevistados, 40% sequer procuraram um médico durante a pandemia, enquanto 9% perceberam piora na saúde.
Esse comportamento relapso começa cedo, conforme aponta outra pesquisa da SBU. Segundo a sociedade, apenas 1% dos adolescentes do sexo masculino frequenta um consultório médico regularmente. Já entre as meninas da mesma faixa etária (12 a 18 anos), 34% vão ao ginecologista todos os anos.
Para o urologista Daniel Zylbersztejn, a diferença revelada pela pesquisa da SBU vai se refletir no futuro desses jovens.
“Não é à toa que as mulheres vivem mais do que os homens. A mulher tem o hábito de se cuidar mais, de promover mais saúde do que os homens. Estes procuram o médico, essencialmente, quando têm algum problema de saúde e acabam não tendo uma rotina”, afirma o médico, à Agência Brasil.
Preconceito e tabu prejudicam detecção de câncer
A palavra “preconceito”, que citamos no começo do artigo, volta à tona quando se fala em câncer de próstata. E ela vem acompanhada de outra, igualmente preocupante: “tabu”.
Em uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e do Instituto Bayer (via UOL), 49% dos homens entrevistados revelaram que nunca fizeram o exame de toque retal, importante para a detecção do câncer de próstata. Quase um quarto dessas pessoas deixou de realizar o procedimento porque não gosta ou o considera “pouco másculo”.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima, para 2020, 65 mil novos casos desse tipo da doença no Brasil. Isso representa um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens.
Ainda de acordo com o Inca, mais de 15 mil pessoas morreram de câncer de próstata, no Brasil, em 2018. Para o Instituto Vencer o Câncer (Ivoc), esse número deve aumentar nos próximos anos, não só no Brasil. Em todo o mundo, o Ivoc calcula que, em 2040, 625.020 homens morrerão da doença, contra 284.145 em 2018 – crescimento de 120%.
“Apesar de muitos esforços no desenvolvimento de políticas públicas e estratégias, a mortalidade por câncer de próstata continua crescendo no decorrer dos anos, e isso não pode ser ignorado. É momento de rever tudo o que foi feito até agora e identificar o que precisa ser melhorado e/ou adaptado”, alerta o fundador da instituição, Fernando Maluf, em entrevista ao site Oncoguia.
Obesidade é fator de risco para tumor de próstata
O câncer de próstata é considerado uma doença silenciosa, já que, em estágio inicial, costuma não apresentar sintomas. Por isso, a detecção precoce é fundamental, junto com a manutenção de hábitos saudáveis de vida.
Embora a doença não possa ser prevenida, sabe-se, por exemplo, que a obesidade é um fator de risco. Além disso, conforme explica o urologista Rafael Coelho ao Estadão (via Ivoc), o tumor em homens obesos é mais agressivo.
A prática de exercício é considerada fundamental para combater a obesidade e, consequentemente, diminuir o risco de câncer.
“A atividade física é benéfica porque mexe no metabolismo, nos níveis, por exemplo, de insulina e glicose”, explica a educadora física Luciana Castelli Assman.
Fernando Roman recomenda, no mínimo, 30 minutos de caminhada, cinco vezes na semana. Luciana Assman concorda com os 150 minutos, mas ressalta que a atividade escolhida precisa ser vigorosa e praticada com regularidade.
Para o paciente que está em tratamento de câncer de próstata, o exercício também é benéfico, pois fortalece o sistema imunológico e ajuda a estimular a produção óssea.
“Quem faz o tratamento hormonal pode ter perda da massa óssea. Exercícios de força e sobrecarga vão estimular a produção óssea”, destaca Luciana Assman, ressaltando que as atividades devem ter acompanhamento profissional.
Pilates beneficia a saúde mental de homens jovens
Conforme nós destacamos em dois artigos (leia aqui e aqui), o Pilates é um excelente exercício tanto na prevenção quanto no tratamento do câncer. Mas, já que aqui não estamos falando apenas da doença, podemos garantir, sem medo de errar: o método traz uma série de benefícios para a saúde masculina de modo geral.
Embora tenha sido criado por um homem – o alemão Joseph Pilates, durante a Primeira Guerra Mundial, como forma de tratamento a prisioneiros –, o método, ainda hoje, é muito associado ao público feminino. Isso acontece até mesmo nos campos acadêmico e científico, já que a maioria dos estudos envolvendo a prática é feita com mulheres, bem como com idosos.
Entretanto, uma nova investigação promete derrubar mitos, estereótipos e preconceitos. Publicado na revista Complementary Therapies in Medicine, um dos mais respeitados veículos sobre tratamentos alternativos, o estudo investigou a fundo os efeitos do Pilates no público masculino.
Os resultados mostraram que, já na primeira sessão, os voluntários tiveram uma melhora perceptível na ansiedade e na sensação de cansaço. Semelhantemente, o Pilates melhorou o humor dos participantes – 87 homens de idade universitária, que responderam a um questionário sobre seu estado mental antes e depois das aulas.
Homens também têm ganhos físicos com Pilates
Mas os benefícios do Pilates para homens não se limitam à saúde mental. Os exercícios do método podem ser tão pesados e intensos como os qualquer outro treino de força. Da mesma forma, promovem o fortalecimento e o alongamento de vários músculos, além de ajudarem na respiração, na postura, na consciência corporal e em muitos outros aspectos.
A fisioterapeuta e instrutora de Pilates Walkíria Brunetti reconhece que, no campo da saúde física, normalmente os homens preferem treinos de musculação, assim como corridas e lutas. O que poucos sabem, no entanto, é que o Pilates pode ser um reforço para trabalhar os músculos. Isso porque, ela explica, os exercícios do método fortalecem e melhoram o tônus muscular.
“Quando o Pilates é combinado com treinos de musculação, os exercícios podem se tornar mais efetivos e conscientes, realizados com uma respiração mais adequada”, complementa.
Outro ponto importante é que a musculação trabalha o corpo por segmentos – por exemplo, braços, pernas e abdômen. O Pilates, por sua vez, atua de forma global. Com isso, confere mais equilíbrio ao praticante e fortalece o core, conjunto de músculos que circunda o centro de gravidade do corpo.
“São esses músculos que mantêm a nossa coluna estável e a nossa postura ereta”, reforça Walkíria.
A fisioterapeuta ressalta ainda que essas características do Pilates são importantes para a prática de outros esportes, como a corrida.
Melhora do desempenho sexual – para eles e elas
Mais um benefício do Pilates para homens citado por Walkíria é a flexibilidade:
“Na prática clínica, percebemos que os homens reclamam que são pouco flexíveis. E a amplitude de movimentos é fundamental para as atividades da vida diária, como abaixar para calçar um sapato, por exemplo”, observa.
Já a fisioterapeuta e instrutora Daisy Chaves destaca a melhora do desempenho sexual proporcionada pelo Pilates, não só para homens, como também para mulheres. Isso acontece, de acordo com a profissional, por vários motivos. O primeiro deles é o desenvolvimento da capacidade respiratória, uma vez que os exercícios são realizados com uma respiração correta e suave.
Outras razões incluem a maior capacidade de concentração proporcionada pelo Pilates; o aumento da resistência, da força e da flexibilidade corporal; e a redução de dores, como as das costas.
“A força que o Pilates dará aos músculos da região abdominal e da pelve, muito usados durante a relação sexual, ajudará na sustentação e na durabilidade do ato”, assegura Daisy, ao portal Terra.
Além disso, acrescenta a fisioterapeuta, o Pilates, como toda atividade física, libera no organismo a serotonina, um dos chamados “hormônios do prazer”. Dessa forma, há uma diminuição do estresse, que pode ser o maior inimigo na “hora H”.
“A substância propicia uma sensação de bem-estar que certamente contribui para deixar a pessoa mais sensível aos estímulos sexuais”, afirma.
10 benefícios do Pilates para homens
Confira, em resumo, algumas das principais vantagens que o Pilates oferece a homens em busca de mais qualidade de vida.
- Redução da ansiedade e do cansaço
- Fortalecimento do core
- Tonificação dos músculos
- Mais equilíbrio
- Melhora do humor e do desempenho sexual
- Aumento da flexibilidade, da força e da resistência
- Ganho de consciência corporal
- Adequação da postura e da respiração
- Alívio de dores nas costas
- Maior capacidade de concentração
Crédito, para que te quero
Este artigo foi escrito pela nossa equipe de redação, sob a supervisão do fisioterapeuta André Guzmán.