Saiba como o Pilates ajuda a prevenir o câncer de mama e por que o método pode ser um poderoso aliado no tratamento de quem enfrenta a doença.

Repercutiu na imprensa este mês uma postagem da designer de moda e influenciadora digital Suzana Gullo Mion, no Instagram, sobre o estúdio de Pilates que montou em casa. Chamou a atenção não só a ótima estrutura do espaço, que conta com aparelhos como Cadillac, Reformer e Chair, como também o relato da esposa do apresentador Marcos Mion sobre a relação entre o Pilates e a sua história de vida.

Suzana foi diagnostica com câncer de mama – tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo – em 2016. Passou, então, por mastectomia (procedimento para remoção da mama) e por sessões de quimioterapia, até que os médicos a consideraram curada. No post publicado em meados de outubro, ela conta que, após a doença, percebeu que só fazer atividade física não era suficiente.

“Eu sentia dores articulares tanto da mastectomia quanto do medicamento anti-hormônio. Foi quando descobri o Pilates, minha vida mudou! Me sinto alongada, sem dores, com muito mais tônus muscular e na minha melhor fase…”, relata a influencer.

Em seguida, ela acrescenta:

“Eu me apaixonei tanto por essa filosofia de treino que resolvi montar um studio em casa para treinar todos os dias e me alongar no horário que eu precisasse.”

Atividade física na prevenção do câncer de mama

Em outra postagem, Suzana destaca a importância da atividade física na prevenção do câncer de mama:

“Pode parecer clichê, mas um corpo em movimento equilibra melhor os níveis hormonais, tem sistema imunológico fortalecido e tem mais facilidade de se manter dentro do peso adequado, fatores diretamente ligados ao câncer de mama.”

As afirmações da influenciadora encontram respaldo na ciência. Em sua página dedicada ao Outubro Rosa, movimento internacional de conscientização sobre o câncer de mama, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) elenca, entre os fatores de risco comportamentais ou ambientais para a doença, atividade física insuficiente – ou seja, menos de 150 minutos por semana. A lista inclui, ainda, a obesidade e o sobrepeso após a menopausa.

Já a oncologista Isabel Paulo Goulart, do Centro Especializado de Oncologia de Florianópolis (Ceof), destaca que atividade física é fundamental no tratamento do câncer de mama. Isso porque a prática aumenta a tolerância do organismo aos efeitos adversos dos medicamentos e deixa a paciente mais disposta e feliz.

“A realização de outras atividades integrativas à medicina, como a yoga, o Pilates e o reiki, também auxilia a manter o corpo e a mente mais sãos”, recomenda a médica, em entrevista ao site NSC Total.

Pilates é tema de estudo do Inca

Não é só a oncologista que indica Pilates. O próprio Inca, citado acima, já aplicou o método em pacientes oncológicos em tratamento na instituição.

Em 2019, um grupo de fisioterapeutas iniciou um estudo para avaliar possíveis benefícios do Mat Pilates (Pilates solo) na redução dos efeitos colaterais da radioterapia adjuvante. Esse procedimento é feito após a mastectomia, a fim de evitar o retorno do câncer de mama (recidiva).

Pessoas submetidas a radioterapia costumam ter, sobretudo, fadiga e diminuição da capacidade funcional, além de experimentar efeitos psicossociais negativos. Sintomas que, de acordo com a equipe do Inca, levam a uma diminuição na qualidade de vida do paciente.

O estudo, primeiro a avaliar a influência do Pilates na fadiga durante a radioterapia, dividiu cerca de 150 mulheres em dois grupos. Um praticou duas sessões semanais de Mat Pilates, enquanto o outro manteve as atividades habituais.

Entre as mulheres do primeiro grupo, a percepção foi de que o Mat Pilates proporcionou bem-estar físico e emocional, com relatos de diminuição da sensação de peso e de dores no membro da cirurgia, bem como redução do cansaço. Além disso, as pacientes informaram que se sentiam seguras para a prática das atividades diárias e mantiveram o hábito de fazer exercícios físicos. Não foram observados efeitos adversos.

Um resumo do projeto foi apresentado na edição 65 da Revista Brasileira de Cancerologia (RBC). A conclusão dos profissionais do Inca foi de que o método apresentou boa aceitação entre as mulheres e que “é de grande importância a atenção para avaliação da influência do Mat Pilates na melhora das complicações do câncer de mama”.

Outras pesquisas confirmam vantagens do método

Nessa mesma publicação, fisioterapeutas de outras instituições relatam experiências positivas em estudos com o método. Dois dos mais incisivos sobre os benefícios do Pilates para pacientes de câncer de mama vêm de profissionais de São Paulo.

Um deles procurou avaliar os efeitos do Pilates no volume e nas queixas do membro superior em pacientes no pós-operatório de câncer de mama. De acordo com os responsáveis pelo projeto, cerca de 20% das mulheres que sobrevivem à doença desenvolvem linfedema decorrente dos tratamentos, o que modifica o modo e a qualidade de vida delas.

Durante três meses, 22 pacientes foram submetidas a sessões de Pilates. Ao final, constatou-se que o método não altera o volume dos membros superiores ou piora as funções linfáticas. Além disso, as participantes relataram redução significativa nas queixas relacionadas ao linfedema.

“Além de seguro, o Método Pilates parece favorecer a recuperação físico-funcional das mulheres”, concluem os autores.

Pilates e alinhamento postural no pós-operatório de câncer de mama

O terceiro estudo citado na RBC trabalhou com uma característica marcante do Pilates: a melhora da postura. De acordo com os fisioterapeutas responsáveis pelo projeto, alterações posturais, no câncer de mama, são comuns após a cirurgia, devido à retirada do órgão e até mesmo à sua reconstrução.

Participaram da pesquisa mulheres com pelo menos um ano de pós-operatório. Elas passaram por quatro momentos de avaliação postural: inicial e 30, 90 e 180 dias depois dos exercícios, que foram direcionados aos membros superiores e inferiores, ao tronco e ao abdômen. As pacientes realizaram as atividades nos equipamentos Cadillac, Reformer, Step Chair e Barrrel, duas vezes por semana, em sessões de 50 minutos, durante seis meses.

No início, todas as pacientes apresentavam alterações posturais. Já na terceira avaliação, no entanto, os pesquisadores perceberam melhora no alinhamento vertical da cabeça e do tronco.

“O Pilates foi eficaz para correção do alinhamento postural, observado a partir de 90 dias (…) nas mulheres avaliadas”, afirmam os pesquisadores.

7 benefícios do Pilates para pacientes de câncer de mama

Em resumo, podemos apontar, pelo menos, sete benefícios do Pilates em relação ao câncer de mama:

  • Previne a doença
  • Atenua efeitos adversos do tratamento – por exemplo, dor, fadiga e náuseas
  • Melhora a postura e a capacidade funcional
  • Eleva a autoestima e o bem-estar físico e emocional, reduzindo, assim, a possibilidade de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais
  • Aumenta a força muscular e a flexibilidade
  • Favorece a recuperação físico-funcional de pacientes submetidas a cirurgia
  • Corrige o alinhamento postural após a mastectomia e a reconstrução mamária

Por fim, vale reproduzir trecho de matéria do Jornal Tribuna sobre o tema:

“O Pilates, por ser um exercício que promove a drenagem linfática por meio de técnicas de respiração, aumenta a mobilidade, melhora o sono, a elasticidade, a respiração, a postura, os níveis de energia e a disposição, se fazendo especialmente importante e produtivo durante esta fase [tratamento oncológico].”

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